Talk Nerdy To Me

The Big Bang Theory acabou de entrar para minha lista de séries favoritas. Depois que acabou Friends, e isso já faz um tempo, eu estava órfã de uma sitcom que realmente valesse a pena acompanhar. Eis que surge essa tímida série sobre um grupo de amigos nerds e sua convivência, entre si e com a vizinha bonita do prédio.

Mas a série não é forçada, não cai naquele clichê de caras fracassados no amor e na profissão, viciados em RPG, que se alimentam basicamente de frango frito e sorvete, e então chega a gostosa da porta da frente e lhes abre os olhos para a vida e para as possibilidades. O quarteto Leonard, Sheldon, Raj, e Wollowitz são bem-sucedidos e felizes do jeito que são, passando as noites de sexta jogando Halo e as tardes de sábado, Paintball. Nenhum deles parece aquele tipo de sujeito que entraria em uma escola atirando em todo mundo.

Eles têm dificuldade com relacionamentos, fato. Raj não fala com mulheres e, segundo ele, nem com homens afeminados. Wollowitz é cheio de cantadas fajutas e técnicas de sedução típicas um tanto atípicas. Tão atípicas que não funcionam. Leonard tenta, tenta, mas também não consegue entender o sexo oposto. Então resta Sheldon, que segundo teoria dos próprios amigos, se reproduzirá um dia por mitose.

A outra personagem principal, Penny, exerce o papel do típico americano. É bonita, quer ser cantora/atriz, etc etc, mas o programa não é apelativo quanto a sua estética e função. Os nossos queridos nerds não ficam atrás dela implorando por atenção. Em muitos episódios inclusive, sua participação não é relevante, e a personagem nos conquista por seu carisma e pelas engraçadas cenas que a interação entre o mundo dela e o mundo dos rapazes rende.

A equipe de atores também funciona. Cada um é impagável em seu papel, e sabem explorar a riqueza de seus personagens bem definidos. Mas o que se destaca é o Sheldon, o super-gênio neurótico, incapaz de entender sarcasmo. Ele é metódico, chega até ser irritante, e tem umas observações brilhantes sobre tudo que lhe incomoda. E tudo lhe incomoda. É hilário como ele complica as coisas relacionadas à convenções sociais e ao cotidiano, e como ele é arrogante (afinal, ele pode) em relação a sua inteligência avantajada.

Outra coisa legal do seriado é que seu humor não se baseia em referências pop como em Will&Grace, mas sim no universo Geek. Quadrinhos, super-heróis, genética, Guerra Nas Estrelas, Guitar Hero, Facebook, Star Trek, física quântica e outros são temas constantes das discussões entre eles.  As já clássicas conversas na cantina da Universidade que eles trabalham e nos jantares no sofá comendo comida tailandesa são bem elaboradas e as piadas inteligentes saem naturalmente.

Enfim, TBBT tem suas falhas e estereótipos, mas inova em muitas coisas. Apesar do próprio canal não entender muito bem do que se trata um série nerd, é só olhar as sinopses no site oficial para entender do que eu estou falando, os roteiristas sabem o que tão fazendo e lidam bem com esse cenário. Se você não conhece e é aficionado por séries, devia dar uma conferida. Se você conhece, talvez pudesse me explicar porque todos eles usam blusa de frio em Los Angeles e por que o Leonard fala com a cabeça inclinada pra cima, olhando pra baixo. Ou só eu me incomodo com isso?

posted by Lalá